Aqui neste periódico pudemos acessar, no ato de seu lançamento mundial e de maneira embasada, a discussão que emergiu da divulgação sobre o ChatGPT. No artigo, Mar Joanpere trazia informações e considerações dos impactos desta IA na produção de conhecimento científico e nos processos de ensino e de aprendizagem dos estudantes. Embora a existência dos algoritmos já fosse conhecida nos processos e mecanismos de captação de informação, bem como de identificação de padrões de busca pelos usuários nas redes, tornando possível a oferta de informações e produtos de forma rápida, o ChatGPT parece ter trazido à população a consciência de que a inteligência artificial está em rápido desenvolvimento e que outras questões operacionais, éticas e afetivas se apresentam agora à humanidade. Diante desta realidade, a formação de professores e das novas gerações nestas tecnologias e em suas decorrências torna-se centro das necessidades da alfabetização digital.
A UNESCO atualizou recentemente o material para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades na formação inicial e continuada de docentes, oferecendo elementos importantes para o trabalho nas políticas públicas e nas escolas. Material igualmente relevante publicado pela UNESCO é destinado à aprendizagem de estudantes e de cidadãos.
Foi muito animador ouvir recentemente, durante o Congresso Brasileiro de Educação da Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPEd), a conferência da Dra. Rosa Maria Vicari, sobre o tema. Articulada com colegas brasileiros, com a UNESCO e os sistemas educacionais da indústria (SESI) e do comércio (SESC) do Brasil, a pesquisadora tem mapeado os avanços tecnológicos e científicos da IA, assim como as novas necessidades formativas para docentes e estudantes do ensino básico e do ensino universitário; seu grupo de pesquisa produziu o Referencial Curricular Inteligência Artificial no Ensino Médio. Nos seus estudos, ela tem indicado conteúdos e habilidades a serem desenvolvidos no Brasil, para que o país não perca o trem da história.
Tais pesquisas têm apontado 3 elementos a serem aprendidos e ensinados nos sistemas educacionais, para a formação de pessoas engajadas, críticas e criativas frente ao novo contexto:
- Entender o que é machine learning
- Entender o que é conhecimento
- Saber interagir com a inteligência artificial
Questionada sobre como trabalhar com estudantes e docentes de escolas desconectadas, em países com distribuição desigual de bens materiais da sociedade digital, Dra. Rosa Maria Vicari mostrou exercícios desafiadores e criativos que podem ser desenvolvidos em sala de aula buscando formar estudantes para a identificação de padrões, para a compreensão de como funcionam os algoritmos e para como se faz o treinamento de máquinas. A alfabetização digital em países em desvantagem social e econômica é possível e necessária!